segunda-feira, 31 de maio de 2010

Borrego estufado com ervilhas

A Primavera é, para mim, um das alturas do ano mais bonitas. As árvores e os campos enchem-se de flores. Para onde quer que se olhe encontramos verde ou uma mistura de verde com o colorido das flores. Especialmente no campo, onde a presença das papoilas se faz sentir.

Outros dos aspectos que me agrada nesta altura do ano é a variedade de frutas e legumes que encontramos, desde morangos, cerejas, nêsperas, favas, ervilhas e courgettes.

No sábado passado fui visitar os meus pais e tive a oportunidade de ir apanhar ervilhas com a minha mãe. Irmos as duas acaba por ser um momento especial, falamos imenso das coisas da vida, das suas preocupações, do que tem feito e sempre, mas sempre acaba por me dar conselhos ou fazer alguma observação, eu costumo dizer que é mais forte do que ela, pois tem sempre uma opinião sobre tudo.

Depois de apanharmos as ervilhas, disse-me logo como é que as deveria fazer (deveria guisá-las com borrego) mais, até já tinha a carne pronta num saquinho para eu trazer. É tão bom ter uma mãe!

Ingredientes:
1 kg de carne de borrego (pescoço, aba, perna ou mão)
1 dl de azeite
2 cebolas
6 dentes de alho
1 folha de louro
1 colher de sobremesa de colorau
1,5 dl de vinho branco
1 ramo de hortelã
1,100 kg de ervilhas
sal & pimenta

1. Levar um tacho ao lume com o azeite e deixar aquecer. Alourar os pedaços de borrego no azeite e depois retirá-los.

2. Juntar as cebolas e os dentes de alho picados, a folha de louro partida, o colorau, sal e pimenta. Deixar refogar um pouco até a cebola quebrar. De seguida, adicionar os pedaços de borrego alourados e o vinho branco. Tapar o tacho e deixar cozinhar lentamente.

3. Quando a carne estiver tenra adicionar água quente, deixar levantar fervura e adicionar as ervilhas e a hortelã picada. Rectificar os temperos.

Este foi o meu almoço de domingo acompanhado por uma garrafa de vinho Lapadas Rosé, bem fresquinho. Colocámos a mesa no quintal, abrimos os chapéus de sol e ali estivemos, como se do campo se tratasse.

Receita do livro de Francisco Guedes, Receitas Portuguesas - os pratos típicos de todas as regiões, Ed. Dom Quixote.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Bolo Mármore


Há bolos que me fazem lembrar a minha infância e o bolo mármore é um desses bolos. Na altura deveria estar na moda e não havia festinha ou aniversário em que não houvesse bolo mármore. Acho que as pessoas se divertiam com o efeito claro/escuro e tentavam fazer marmoreados diferentes. Eu achava imensa piada, para além de achar o bolo óptimo.

Num destes últimos domingos, descobri um pacote de chocolate na despensa em fim de validade e resolvi dar-lhe uso urgentemente. A decisão recaiu sobre uma receita de bolo mármore, de que já tinha saudades. A receita encontrei-a no livro de recortes de receitas de jornais bem velhinhos que fiz já há alguns anos, mas dado que não fiquei com as referências, nem do jornal, nem da data, nem da pessoa responsável pela secção, acabo por não saber de quem é a receita, apesar de achar que é de Maria de Lourdes Modesto.


Ingredientes:
200 g de farinha
200 g de açúcar
150 g de manteiga
4 ovos
125 g de chocolate em pó
1 colher de chá de fermento em pó


1. Bater muito bem a manteiga com o açúcar até ficar em creme.

2. Adicionar os ovos um a um e ir batendo sempre. Adicionar a farinha misturada com o fermento.

3. Dividir a massa em duas porções. Misturar numa delas o chocolate em pó.

4. Numa forma untada com margarina e polvilhada com farinha colocar a massa, umas colheradas de massa escura e outro tanto de massa clara, em cima da massa escura colocar massa clara e assim sucessivamente.

5. Levar ao forno a cozer em forno médio.


Na confecção, a massa escura ficou um pouco mais densa que a massa branca, mas depois do bolo sair do forno e provar a primeira fatia, não notei nenhuma diferença. Em relação à mistura da massa, usem a imaginação, para que fique com um marmoreado ao vosso gosto. O bolo ficou óptimo e pouco a pouco as fatias foram desaparecendo. Foi impossível comer uma só!

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Choquinhos na frigideira com alho e coentros


Acho que todos nós temos um conjunto de pratos que fazemos regularmente. Cá em casa, um dos pratos que faço de vez em quando é choquinhos na frigideira. É um prato que se confecciona de uma forma rápida e fica muito agradável.


Ingredientes:
700 g de choquinhos sem tinta
4 dentes de alho
1 folha de louro
1/4 de limão
1 raminho de coentros
Batatas para cozer
Azeite q.b.


1. Colocar o azeite na frigideira com os dentes de alho esmagados. Deixar aquecer um pouco os alhos.

2. Adicionar os choquinhos. Temperar com sal, pimenta e a folha de louro. Deixar cozinhar. Mexendo de vez em quando.

3. Cozer as batatas em água temperada com sal.

4. Depois dos choquinhos estarem macios, retirar do lume. Regar com sumo de limão e polvilhar com coentros picados.

5. Servir com as batatas cozidas.


Normalmente costumo fazer com choquinhos congelados, que como são pequenos ficam sempre tenros.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

A Oeste tudo de novo

Por motivos profissionais nos últimos anos, quase sempre em finais de Maio ou em princípios de Junho, passo pela zona Oeste. Este ano voltei e na segunda e na terça-feira estive alojada a poucos quilómetros da aldeia da Sobrena, em pleno campo. À volta encontramos verde, tudo muito verde.

A região é fortemente agrícola. Os campos estão cuidados e cheios de árvores de fruto, especialmente pereiras, da famosa pêra rocha. Nos pequenos passeios que tive oportunidade de dar encontrei também vinhas e pequenas hortas.

Na aldeia, o que me chama a atenção nos jardins em frente das casas, são as rosas. Lindas. De um vermelho intenso e muito perfumadas.

Recordo-me há uns anos num destes passeios que dei à aldeia de encontrar dentro de um quintal, mas com ramos para a via pública, uma nespereira linda, carregada de nêsperas madurinhas e suculentas. Muito apetitosas. Eu que adoro nêsperas tive a ousadia de esticar a mão e de apanhar umas quantas.

Estava eu a apanhar as nêsperas quando se abre uma porta e fico de caras com a dona. Antes mesmo de eu ter tempo de "morrer" de vergonha e de arranjar alguma hipotética desculpa, a senhora foi muito amável e deu-me autorização para apanhar à minha vontade. No final, ainda nos rimos, mas confesso que eu nunca mais me esqueci, como se costuma dizer fui "apanhada com a boca na botija"!

terça-feira, 25 de maio de 2010

Sopa de legumes com feijão branco

Ontem e hoje andei por terras da zona Oeste, região produtora por excelência de pêra rocha. O sítio onde fiquei alojada fica entre perais que nesta altura do ano ostentam árvores bem carregadas de pequenos frutos.

Depois de uma saída, mesmo que pequena, sabe bem voltar a casa e ser recebida, à mesa, por uma sopa reconfortante.

Ingredientes:
1 cebola picada
1 tomate
2 cenouras
abóbora
1 courgette
aipo em rama
feijão branco cozido
sal

1. Numa panela colocar água e uma pitada de sal. Adicionar uma cebola picada e um tomate também picado, limpo de peles e sementes. Deixar ferver um pouco.

2. De seguida adicionar as cenouras, um pedaço de abóbora e uma courgette com casca, cortados em pequenos cubos. Deixar ferver uns minutos.

3. Adicionar a rama de aipo cortada em juliana e o feijão branco cozido. Regar com um fio de azeite e deixar acabar de cozinhar.

Esta sopa fica muito agradável.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Tarte de Cenoura


O fim-de-semana brindou-nos com sol e calor, especialmente no sábado, dia em que abrimos a época de grelhados no nosso quintal, que está bem verdinho. Os espinafres invadiram quase todo o espaço. Os pessegueiros já têm pequenos frutos e as hortelãs fazem sentir a sua presença, crescem para todos os lados.

Ao almoço juntámos cá em casa os sogros, Eduarda e Joaquim, a tia Dulce, os cunhadinhos Hugo e Cristina, as sobrinhas Marta e Inês. Uma mesa cheia para início de época.

Para o almoço grelhámos peixe-espada e sardinhas. Para acompanhar o peixe servi legumes cozidos (brócolos, cenouras, batatas) e uma salada mista (alface, tomate, pepino, pimento assado e cebola nova).

Para sobremesa, a tia Dulce trouxe uma tarte de maçã, a Cristina fez um bolo também de maçã e eu fiz uma tarte de cenoura, que ficou deliciosa.


Tarte de cenoura

Ingredientes:
500 g de açúcar
2,5 dl de água
600 g de cenoura
100 g de farinha
6 ovos
1 limão
1 pau de canela
Açúcar em pó


1. Juntar o açúcar com a água e deixar ferver até obter ponto de pérola.

2. Cozer as cenouras, previamente descascadas, em água com o pau de canela. Retirar do lume, escorrer e reduzir a puré.

3. Adicionar o puré, a farinha, os ovos e o sumo de limão à calda de açúcar. Mexer muito bem.

4. Colocar o preparado numa forma untada de margarina e polvilhada com açúcar.

5. Levar ao forno pré-aquecido até ficar pronto.

6. Polvilhar com açúcar em pó antes de servir (facultativo).


Receita dos açúcares RAR. Eu não desenformei a tarte, acabei por servir no recipiente que foi ao forno. A consistência desta tarte assemelha-se à da torta de cenoura.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Coelho com favas


Quando algum ingrediente chega à minha cozinha em abundância, uma das primeiras coisas que faço é procurar receitas onde o possa usar. Começo normalmente pelas revistas de cozinha e marco todas as receitas que me interessam.

Como já vos contei, há umas semanas vi-me a braços com um grande saco de favas. Usei uma boa quantidade logo, fresquinhas, acabadas de descascar, mas as outras tiveram que dar entrada no congelador. Agora, aos poucos, vou fazendo uma ou outra receita resultante da pesquisa feita. Esta receita é da revista TeleCulinária nº 998 de Março de 1998, já bem velhinha!


Ingredientes:
1 coelho com cerca de 1 kg
sal e pimenta q.b.
1 pitada de colorau
1,5 dl de vinho branco
1 dl de azeite
1 dente de alho
1 cebola
1 kg de favas descascadas
1 molhinho de coentros

1. De véspera, temperar o coelho, previamente partido em pedaços, com sal, pimenta, um pouco de colorau e o vinho branco. Deixar a marinar de um dia para o outro.

2. Num tacho, levar o azeite ao lume e quando quente, alourar os pedaços de coelho. Depois retirá-los e reservar.

3. À gordura que ficou no tacho, adicionar o dente de alho e a cebola picados, ir mexendo até alourarem. De seguida adicionar os pedaços de coelho e o vinho da marinada. Tapar e deixar estufar.

4. Enquanto o coelho estufar, se necessário acrescentar um pouco de água.

5. Entretanto, levar a cozer as favas em água temperada com sal. Depois de cozidas, escorrê-las.

6. Quando a carne estiver tenra, adicionar as favas e os coentros picados. Sacudir o tacho com a tapa bem fechada para envolver tudo muito bem e depois servir.

Esta receita de coelho com favas resultou muito bem. Favas e coelho parece-me até uma combinação pouco comum, mas cá em casa gostámos.

Em relação à receita original fiz poucas alterações, usei azeite em vez de banha e aumentei a quantidade de vinho e de favas.

Outras receitas com favas:
- Sopa de favas com aipo e chouriço;
- Arroz de favas;
- Favas guisadas;
- Lombinho de porco com guisadinho de favas;
- Frango com favas;
- Favas à Dulce.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Sandes de carne assada

Os jantares de sexta-feira, cá por casa, são sempre de alguma forma especiais, não pela sua grandiosidade, mas pelo facto de serem as últimas refeições de uma semana de trabalho, em que às vezes a vontade de cozinhar algo elaborado anda muito em baixo.

Houve alturas em que os jantares de sexta eram dedicados às pizas, mas agora que o calor chegou começamos a ter menos vontade de ligar o forno e a ideia de umas refeições mais leves combinam bem com estes dias quentes que se fazem sentir.

Na sexta-feira passada fiz uma sandes de carne assada. Para a sandes procurei aproveitar umas sobras de carne assada.

Numa fatia de pão coloquei alface, carne assada, mostarda, tomate, cebola roxa, couve roxa, picles de cenoura e por fim, a outra fatia de pão.


Acompanhei esta sandes com um copo de vinho Lapadas rosé.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Vai uma ginjinha de Óbidos?

Partimos bem cedinho de Lisboa, numa quarta-feira que prometia sol. O nosso destino passaria por Alcobaça, Caldas da Rainha, mas a nossa primeira paragem foi em Óbidos.

Óbidos é uma vila cercada pela muralha de um castelo, ligada a reis e rainhas, que parece saída de um conto de fadas. As ruas são estreitas e limpas, as casas mantêm a traça tradicional, caiadas de branco com barras ora azuis, ora amarelas e, em quase todas as varandas encontramos flores.

Chegámos a Óbidos quando as lojas começaram a abrir e as ruas ainda tinham poucos visitantes. Depois de andar pelas muralhas e de contemplar as vistas, visitámos os espaços comerciais.

Muitas são as lojas dedicadas à ginjinha, tradicional da zona e agora, graças à influência do Festival Internacional de Chocolate, esta bebida é servida em copos ou pequenas chávenas de chocolate.

Óbidos, sem qualquer tradição chocolateira, graças à ideia genial deste festival ficou assim ligada a este ingrediente. Tem muito mais piada beber ginjinha num copo de chocolate, e pela clientela nas várias lojas, não fui só eu a achar ;) Quem quiser pode comprar conjuntos de copinhos ou de chávenas para servir em casa.

Para além da ginjinha em copo de chocolate, encontramos à venda, em várias lojas, garrafas de ginja com elas ou sem elas, ginja com chocolate e até café servido em copo de bolacha revestido a chocolate, que tive que provar, como imaginam.

O comércio da vila é também marcado pelas lojas de artesanato tradicional e contemporâneo, produtos regionais, bordados, mantas, doces e compotas, vinhos, entre outros produtos. Numa dessas lojas tive a possibilidade de ver o processo de fabrico da louça de verguinha, cerâmica tradicional da região.

Antes de seguir viagem, ainda parámos à entrada da vila e espreitámos as bancas com venda de tremoços, frutos secos e doces regionais. Entre os doces regionais vi as famosas Cavacas das Caldas, que já não como há anos e que quando era miúda adorava.

Parámos para almoçar nas Caldas da Rainha. A caminho do restaurante ainda passámos pelo mercado de frutas e legumes, na Praça da República. Favas, cebolas novas, couves, alfaces, abóboras, batatas, cenouras, frutas enchiam as bancas dos vendedores, criando a imagem de uma manta de retalhos colorida.

Quis voltar a um restaurante onde almocei há uns anos atrás e de que guardava boas memórias. Às vezes o melhor é não voltar, porque o que fica é sempre a última impressão e esta não foi nada favorável.

A última paragem antes de regressar a Lisboa foi em Alcobaça. Depois de um curto passeio pela cidade que incluiu a compra de doces regionais (pastéis de feijão e pastéis de amêndoa) e uma entrada rápida numa loja de chita, visitámos o Mosteiro de Alcobaça, outrora pertencente aos monges da Ordem de Cister e que guarda os túmulos de D. Pedro e de D. Inês.

O Mosteiro é uma obra notável. Andar por ali faz-nos recuar no tempo e pensar nas estórias maravilhosas que ali devem ter tido lugar. Os ingredientes inquietam-me a imaginação: monges, segredos, conspirações, amores, guerras ... Um dos espaços que não me deixou indiferente foi a cozinha ;), um espaço enorme. Penso na vida que aquela cozinha já teve, na azáfama que deixou marcas em cada uma daquelas pedras, nos tanques de água, nas fogueiras que cozinharam milhares de refeições. Que deliciosas iguarias dali devem ter saído!